Temos que
ir.
Como se o
mundo acabasse
Numa tarde
de facas e
Sol que
nunca mais finda
A pino.
Oiço as
paredes
A cal branca
das paredes
e a memória
das cigarras em guerra.
A água
corre?
Rumorosos
regatos recordam-me
Tardes. É
assim que cresço
Entre essa
lembrança e a dor
De dias. A
casa abate-se sobre mim
E sobre o
meu desejo cresce um corpo
Que ainda
não sei até onde vai.
Se consigo
escrever é porque desfaleço
Nas palavras
que não consigo dizer.
Odeio as
letras que me faltam, porque
Há um
excesso. Nas borbulhas do corpo, nas
Minhas mãos.
Em tudo o que dói e sangra e
Se recorta
da brancura dos lençóis.
Amo e no
entanto percorro os dias
Infeliz.
Deliciosa tortura esta
Feita de
tesouras, musgo e pele.
O teu cheiro
eterno persegue-me
Como se
fosse uma sentença, uma prisão
Para sempre.
Vá para onde for, persegue-me o teu cheiro
E as tuas
mãos, e o teu olhar de mar
E outras
coisas que eu sei que aparecerão sempre
Por mais que
fuja e me afaste.
És assim a
mais terrível emboscada.
Terrível,
até quando te ris.
E é pela tua
calma indizível
Que vai
caindo a tarde e
o Sol
esmorece
Cansado.