Aqui se acoitam mentes brilhantes, almas torturadas e um pobre professor de Filosofia
domingo, 8 de abril de 2018
Um falso engenheiro
Alves dos Reis (1896-1955)
Continuando as minhas deambulações leitoras, desta vez à volta do segundo volume das Memórias de Cunha Leal, relativas aos anos que vão de 1917 a 1925, descubro através deste intrépido republicano que Alves dos Reis, não se limitou a falsificar notas de banco e inaugurou uma prática que teria os seus seguidores coevos. A situação relata-se rapidamente. Em meados de 1916, em pleno governo da União Sagrada, presidido por António José de Almeida e que também era Ministro das Colónias, este prontificou-se a nomear Alves dos Reis para diretor do Caminho de Ferro de Moçâmedes, desde que tivesse a categoria de engenheiro! O que não acontecia, mas também não era problema para Alves dos Reis. É assim que, "nessa emergência, falsificou uma carta de engenheiro emitida por acreditada escola britânica", cujos diplomados eram reconhecidos pelo nosso Ministério da Instrução. E foi desta maneira singela que Alves dos Reis, ou melhor, o engenheiro Alves dos Reis foi parar a Angola. Conta quem o conhecia, que o engenheiro "não se coibia de andar, frequentemente, em tratos diretos de lubrificação do equipamento ferroviário". Esta atitude diligente valeu-lhe, conta ainda Cunha Leal, o epíteto apropriadíssimo de engenheiro da almotolia. Há engenheiros para tudo, como tudo pode ser engenheiro. Cunha Leal, As Minhas Memórias - vol. II, Lisboa, Ed. do autor, 1967, 475 pp.
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