quinta-feira, 19 de abril de 2018

A palavra livro e a palavra balão


Para quem ama os livros, como eu, reconheço que a palavra Livro não é particularmente bela, à altura da realidade que refere. Não é uma palavra bem dotada.
A palavra que referisse essa realidade que temos designado por livro, para já livro, devia ter o significado intrínseco que encontramos, por exemplo, na palavra balão.
Quando eu digo balão, quando me deparo com a palavra balão, eu já estou a segurar um balão, um balão que salta, que voa, um balão cheio de ar, elástico, onde eu, ao agarrar com as mãos, afundo os meus dedos em garra. Agarro em garra o balão. Quando eu digo balão eu já estou a agarrá-lo com as mãos. A apertá-lo. Não se passa isso com o livro. E tenho muita pena. Essa fantástica realidade que contribuiu ao longo da História para estruturar as sociedades merecia uma fantástica palavra. E não é o caso.
Era uma palavra muito complicada. Tinha de ter cheiro. Tinha de ser desfolhada e em cada folha despertar surpresa, energia, vontade de saber, muita emoção… Deveria ser uma palavra muito distante da que dispomos.

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