Para quem ama os livros, como eu, reconheço que a
palavra Livro não é particularmente bela, à altura da realidade que refere. Não
é uma palavra bem dotada.
A palavra que referisse essa realidade que temos
designado por livro, para já livro, devia ter o significado intrínseco que
encontramos, por exemplo, na palavra balão.
Quando eu digo balão, quando me deparo com a
palavra balão, eu já estou a segurar um balão, um balão que salta, que voa, um
balão cheio de ar, elástico, onde eu, ao agarrar com as mãos, afundo os meus
dedos em garra. Agarro
em garra o balão. Quando eu digo balão eu já estou a agarrá-lo com as mãos. A
apertá-lo. Não se passa isso com o livro. E tenho muita pena. Essa fantástica
realidade que contribuiu ao longo da História para estruturar as sociedades
merecia uma fantástica palavra. E não é o caso.
Era uma palavra muito complicada. Tinha de ter
cheiro. Tinha de ser desfolhada e em cada folha despertar surpresa, energia,
vontade de saber, muita emoção… Deveria ser uma palavra muito distante da que
dispomos.
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