Para pesquisar e encontrar muito do material que é preciso para os trabalhos escolares, esqueçam o Google e procurem nestes sites. A lista dos melhores sítios de pesquisa académico aparecem aqui listados.
Aqui se acoitam mentes brilhantes, almas torturadas e um pobre professor de Filosofia
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O
livro Racismos - das Cruzadas ao Século
XX de Francisco Bethencourt[1] é
espantoso a vários níveis: pela erudição e profundidade do autor, pelo rigor e
abrangência das referências e temas que mobiliza para um debate que só pode ser
mais bem fundado a partir daqui. Mas é também um livro essencial pela qualidade
dessa informação que traz para uma temática que, infelizmente, regressa sob
novas roupagens para a atualidade política. Aí percebemos que mitos e
preconceitos, intolerância tóxica e memórias mal trabalhadas, continuam a
alimentar posições que se vão manifestando no espaço público. É, por isso, um
livro essencial.![]() |
| Francisco Bethencourt |
A
pouco e pouco esquecemo-nos dos pormenores dum rosto, das suas particularidades
mais notáveis, dos sinais, mesmo os mais invulgares. O rosto torna-se um mapa
confuso até se transformar num apressado caldo de sensações. É por isso que o
apaixonado, na incandescência do seu amor mais recente, tem dificuldade em se
lembrar do seu rosto, quando à noite se esforça por recordá-lo, para que ele
entre no seu sonho a seguir. Que irritante se torna termos ali o rosto do outro
quase à mão de semear, como um nome à ponta de língua e não nos conseguimos
lembrar. O rosto do outro ganha quase a dimensão do fantasma, de algo nebuloso,
mas etéreo. Mas não esquecemos a profundidade de um olhar, o modo como o olhar
nos olha, a maneira como nos sentimos olhados e nos acabamos por ver através do
olhar do outro. Jorge recorda o olhar intenso de Luísa, um dia à noite na
marginal, cada um dentro do seu carro, parados nos semáforos, os dois carros à
distância mínima, como bólides à espera da bandeira da partida, acelerando nervosos,
motores inquietos. Nesse momento sentiram ao vivo como o olhar hipnotiza os
amantes, os torna incapazes de qualquer gesto, os imobiliza no auge do
fascínio. À maneira da serpente. Não estavam imóveis: estavam docemente
paralisados pelo olhar do outro, suspensos no tempo. Nenhum deles tinha vontade
de quebrar esse encanto. Estátuas para a eternidade. Também é verdade que,
naquele momento, cumpriam uma parte do seu destino: o de, no momento em que se
encontram, apartarem-se por completo dos outros e das coisas e apenas
celebrarem o seu espaço, o ambiente que, laboriosamente, com muito cuidado, vão
construindo. Como estátuas, olhando-se, apenas escutavam o bater feliz do
coração. Apenas existiam um para o outro. Aquela mulher era o seu melhor
cenário, de sempre. Tomara ele tornar-se num jardim para a receber.
Irving Kristol (1920-2009). Este americano, apesar de conhecido
jornalista, enquanto um dos editores do Wall
Street Journal, acabou por ficar conhecido como um dos fundadores do
neoconservadorismo. Ficou conhecida a seu descrição de um neoconservador: um
liberal que foi assaltado pela realidade. Descrevia, assim, uma eventual
evolução de alguns intelectuais liberais e de esquerda que teriam guinado à
direita, depois de constatarem a improbabilidade das suas ideias, a deceção das
experiências liberais e a dura e triste realidade, negando todas as ilusões
pueris. Aliás, o próprio percurso de Kristol ilustra esse mesmo processo: do
radicalismo socialista e do trotskismo da juventude, "evoluiu" até ao
mais radical anticomunismo. Um percurso que também encontramos entre nós, de
forma abundante e bem esclarecedora. Entre nós, publicou-se a sua obra de
referência: Neoconservadorismo -
autobiografia de uma ideia[1],
e que reúne vários artigos.