quarta-feira, 5 de abril de 2017

Sobre a avaliação de trabalhos de Filosofia

Dou por concluída, na medida em que este processo possa ser concluído, a tarefa de avaliar e classificar  os vossos trabalhos. Mas nada nos/vos impede de aqui voltarmos para contestarem as classificações. Agradecia até que se manifestassem acerca disso. O processo de avaliar deve ser participado. Isto serve também para dizer que se chega aqui e não se está nunca satisfeito. Devíamos ter tido mais tempo, devíamos ser mais atentos, devemos procurar ser sempre mais justos e menos injustos. Mas também, mais felizes, porque isso até é o mais importante.
Por isso, por favor, digam o que vos vai na alma e desabafem. Estas notas são ainda propostas de classificações. Sinto-me melhor com o vosso desacordo manifesto do que sentir que algo não correu bem e ficou por dizer. Até porque nada existe que não possa ser corrigido. E não estaremos a ser melhores se não nos corrigirmos. 
De qualquer modo, ficamos com a sensação de que era bem melhor, nestes momentos, que isto fosse um vulgar teste de matemática (sem qualquer menosprezo para a matemática), e não existissem dúvidas nenhumas: tudo se resumisse a estar evidentemente certo ou errado. Só que não troco o definitivamente certo ou errado por aquilo que, ainda ou sempre duvidoso, nos faz pensar mais. Prefiro a fulgurância luminosa da dúvida à luz baça e mortiça.
Mas, como avaliar e confrontar trabalhos tão diferentes entre si, que são boas reflexões pessoais, assumidamente tão pessoais como sofridas, relatos autênticos e inconfessados ou inconfessáveis, face a outros que são manifestamente impessoais porque mais conceptuais e outros que se situam a meio duma coisa e outra? 
Afinal, que nota dão ao sabor das laranjas que comem? A nota máxima, porque são doces? Uma nota mediana, porque vos parece pouco doce ou porque podia ser mais doce? E se estiverem com a boca já doce e a laranja, também doce, vos parecer amarga? E se fosse mesmo amarga? Como descrevem e classificam esse sabor dessa única laranja? Que nota dão a esta manhã que está a nascer? E não devemos estar sempre a amanhecer, mesmo sabendo que a ave de Minerva, a da sabedoria, só levanta voo ao entardecer?

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