terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Valores e valoração – a questão dos critérios valorativos



A experiência valorativa - Agir em função dos valores
Toda a ação executa uma valoração: no processo de deliberação que culmina na decisão exprimo e realizo preferências. A minha ação concretiza as minhas opções e valorações, o que eu prefiro e o que eu afasto das minhas possibilidades.
As opções que faço dependem duma hierarquia de valores que possuo e que me foi transmitida pela sociedade em que vivo, nomeadamente através da educação que recebi da minha família e experienciei na escola e nos demais processos de socialização, através dos amigos ou dos meios de comunicação de massas.

Hierarquização dos valores
A valorização e a hierarquização é subjetiva, depende da minha subjetividade, depende de quem eu sou. Não existe uma ordenação objetiva, universal, absoluta. A minha hierarquia de valores ou da comunidade exprime-se através numa tábua de valores, onde os valores se inscrevem e assinalo os mais importantes (para mim ou para a minha comunidade ou grupo) e os menos importantes.

Tábua de valores segundo Max Scheler
Existe uma grande variedade de valores. A título de exemplo, apresenta-se esta lista de vários tipos de valores segundo o filósofo alemão Max Scheler (1874-1928)[1]:
- valores religiosos: santo/profano; divino/demoníaco; supremo/derivado
- valores éticos ou morais: bom/mau; justo/injusto; leal/desleal
- valores estéticos: belo/feio; sublime/ridículo; harmonioso/desarmonioso
- valores lógicos: verdadeiro/falso; evidente/provável
- valores vitais: forte/fraco; enérgico/inerte
- valores úteis: caro/barato; abundante/escasso

Valores e valoração
Consideram-se quatro elementos fundamentais:
- objeto dos valores: bens, situações, comportamentos
- sujeito: aquele que procede às valorações, sujeito individual ou coletivo
- valoração / valorar: atribuição do valor ao objeto[2].

Características dos valores
Consideram-se entre várias, as seguintes características:
- polaridade
- diversidade
- subjectividade
- historicidade
- hierarquia

Juízos de facto e juízos de valor
O que pensamos, sentimos ou preferimos, exprime-se através de juízos e proposições.
Os juízos de facto descrevem a realidade e tendem a ser objectivos.
Os juízos de valores são proposições que avaliam a realidade, exprimindo as preferências do sujeito. Estes juízos não são empiricamente verificáveis, não são falsos nem verdadeiros. Muitas vezes não são consensuais.

Os critérios valorativos
«Diferentes sujeitos constroem as suas tábuas ou escalas de valores em função das suas experiências e do significado que lhes atribuem. Tal significa que existem critérios valorativos diferentes de sujeito para sujeito, de cultura para cultura.»

Exemplo:
Perante os objetos duma casa ou os seus diferentes espaços, cada um faz as suas escolhas que são diferentes de sujeito para sujeito.
Ou então, observemos vários comportamentos dos consumidores ao fazerem compras num supermercado… As compras que cada um faz, concretiza as suas preferências, exprime a sua tábua de valores.





[1] Sobre Max Scheler, ver aqui.

[2] Valorar não é o mesmo que valorizar. Valorar é atribuir um valor, positivo ou negativo. Valorizar significa atribuir mais valor ao objecto, que assim é valorizado, passa a valer mais. Por exemplo, ao pintar uma casa estou a valorizar o edifício que passa a valer mais numa venda.

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