A experiência valorativa - Agir em função dos valores
Toda a ação executa uma
valoração: no processo de deliberação que culmina na decisão exprimo e realizo
preferências. A minha ação concretiza as minhas opções e valorações, o que eu prefiro
e o que eu afasto das minhas possibilidades.
As opções que faço
dependem duma hierarquia de valores que possuo e que me foi transmitida pela sociedade
em que vivo, nomeadamente através da educação que recebi da minha família e
experienciei na escola e nos demais processos de socialização, através dos amigos
ou dos meios de comunicação de massas.
Hierarquização dos valores
A valorização e a
hierarquização é subjetiva, depende da minha subjetividade, depende de quem eu sou.
Não existe uma ordenação objetiva, universal, absoluta. A minha hierarquia de
valores ou da comunidade exprime-se através numa tábua de valores, onde os
valores se inscrevem e assinalo os mais importantes (para mim ou para a minha
comunidade ou grupo) e os menos importantes.
Tábua de valores segundo Max Scheler
Existe uma grande variedade
de valores. A título de exemplo, apresenta-se esta lista de vários tipos de valores
segundo o filósofo alemão Max Scheler (1874-1928)[1]:
- valores religiosos:
santo/profano; divino/demoníaco; supremo/derivado
- valores éticos ou
morais: bom/mau; justo/injusto; leal/desleal
- valores estéticos:
belo/feio; sublime/ridículo; harmonioso/desarmonioso
- valores lógicos:
verdadeiro/falso; evidente/provável
- valores vitais:
forte/fraco; enérgico/inerte
- valores úteis:
caro/barato; abundante/escasso
Valores e valoração
Consideram-se quatro
elementos fundamentais:
- objeto dos valores:
bens, situações, comportamentos
- sujeito: aquele que
procede às valorações, sujeito individual ou coletivo
- valoração / valorar:
atribuição do valor ao objeto[2].
Características dos valores
Consideram-se entre
várias, as seguintes características:
- polaridade
- diversidade
- subjectividade
- historicidade
- hierarquia
Juízos de facto e juízos de valor
O que pensamos, sentimos
ou preferimos, exprime-se através de juízos e proposições.
Os juízos de facto
descrevem a realidade e tendem a ser objectivos.
Os juízos de valores são
proposições que avaliam a realidade, exprimindo as preferências do sujeito.
Estes juízos não são empiricamente verificáveis, não são falsos nem
verdadeiros. Muitas vezes não são consensuais.
Os critérios valorativos
«Diferentes sujeitos
constroem as suas tábuas ou escalas de valores em função das suas experiências
e do significado que lhes atribuem. Tal significa que existem critérios
valorativos diferentes de sujeito para sujeito, de cultura para cultura.»
Exemplo:
Perante os objetos duma
casa ou os seus diferentes espaços, cada um faz as suas escolhas que são
diferentes de sujeito para sujeito.
Ou então, observemos
vários comportamentos dos consumidores ao fazerem compras num supermercado… As compras que cada um faz, concretiza as suas preferências, exprime a sua tábua de valores.
[2] Valorar não é o mesmo que valorizar. Valorar é atribuir um valor,
positivo ou negativo. Valorizar significa atribuir mais valor ao objecto, que
assim é valorizado, passa a valer mais. Por exemplo, ao pintar uma casa estou a
valorizar o edifício que passa a valer mais numa venda.
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