quarta-feira, 13 de maio de 2020

Perder a cabeça para melhorar o comportamento sexual

A propósito de comportamentos egoístas e comportamentos altruístas e de como muitas
vezes, um comportamento objetivamente egoísta, pode ser subjetivamente altruísta e vice-versa, deparei com esta passagem no livro (clássico) de Richard Dawkins, O gene egoísta.

“Os louva-a-deus são grandes insetos carnívoros. Normalmente, alimentam-se de insetos menores, como as moscas, mas atacam praticamente tudo o que se move. Na época do acasalamento, o macho se arrasta com cautela na direção da fêmea, monta sobre ela e copula. Se tiver a oportunidade, a fêmea o come, começando por lhe arrancar a cabeça, quando o macho estiver se aproximando, logo que ele tiver montado nela, ou ainda depois que tiverem se separado. Para nós, pareceria mais sensato que ela esperasse a cópula se completar antes de começar a devorá-lo. Porém, a perda da cabeça não parece privar o restante do corpo do seu cadenciado movimento sexual. Na realidade, uma vez que a cabeça do inseto é a sede de alguns centros nervosos inibitórios, é possível que a fêmea melhore o desempenho sexual do macho ao lhe devorar a cabeça. Se assim for, isso seria um ganho secundário. O benefício primário é a boa refeição que ela obtém.” (Richard Dawkins, O gene egoísta, Companhia das Letras).

O autor, a seguir, relata o que classifica como sendo o "comportamento cobarde" dos pinguins-imperiais. Então, o que se passa é que se observou que eles permaneciam de pé, à beira da água, hesitando antes de mergulhar, temendo serem devorados pelas focas. Ora, bastaria que um deles mergulhasse para os outros poderem concluir se havia ali ou não focas. Como ninguém quer servir de cobaia, ninguém quer ser o herói altruísta, ficam todos à espera que algum, mais descuidado, dê o primeiro passo. Entretanto, se ninguém avançar, às vezes não hesitam em empurrar algum para verificarem se o perigo anda por perto. Isto já me lembra outra coisa, mas ficamos por aqui.

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