quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Depilição de depilação

Rapa-se a perna, o vil sovaco, a recôndita virilha
E assim fica a dama toda escanhoada
Abandonou a  pilosa armadilha
E onde era selva amazónica virou estrada.

A mulher burguesa quer-se bem rapada

De todo o embaraço ou percalço peludo
Onde há pêlo inóspito que fique nada
Onde há pêlo a despropósito rape-se tudo.

E a pele do pêlo por fim desembaraçada
Que era apesar a sua original condição
Acha-se agora a final mais apropriada
Para a pudorada e moralista visão.

Tímido, caprichoso, anti-sético (não cético)
Eis o sempiterno pensamento burguês:
Que não aceita a mulher como ela é
E quer ver bem retocada a nudez.


José Carlos S. de Almeida (2006-2017)

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